segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Últimos versos noturnos

Hoje não. Não irei colocar aquele velho sorriso de plástico no rosto e deixarei em cima da mesa a caixa repleta de frases prontas e contos medíocres que estavam no meu bolso já a tempo demais. Sem explicações. Sem lamentações. Alucinações correndo soltas e lívidas ao meu redor. Permito a brisa noturna percorrer meu corpo vazio entre os carros alucinados. Ergui a cabeça e os erros pesados que afundavam em meus ombros caíram na rua cheia de pedras e danos. Não abrirei os olhos, me agarrarei no último sonho que me resta. Não quero ver as luzes apáticas da cidade. Dançarei solitária de braços abertos, entre os corpos, no meio da pista. Sem resistência. Sem impossibilidades. Sem impedimentos. Deixe-me viver. Viajarei dentro das minhas próprias fantasias coloridas e brilhantes. Dei minha razão de presente a um estranho lá fora, enquanto me equilibrava nos telhados observando o céu da noite mais de perto. Nem se preocupe comigo se amanhecer sentada na soleira da tua porta. Logo o vento me busca e me arrasta pra qualquer abismo longe daqui. Nem se ocupe com meus sentimentos chovendo em pedaços na tua janela. É tão vago e distante meu pensamento agora que desaprendi a senti-los. Corri de mim mesma. Fugi do espanto, do incerto, do medo. Mas me apunhalou no peito o imenso vazio quando meu olho procurou e encontrou o teu. Meu coração pulsando rápido como passos de coelho assustado. Tudo congelado no espaço entre nós. De algum modo, te sinto e guardo. Ninguém ouviu e as vozes estão se calando em mim. Ela se demora a querer partir. E digo: - Hoje não..

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ruínas

Veja só, admito que já fazem tantos dias que perdi entre as almofadas do sofá, o controle de meus sentidos e tenho assistido paralisada nas cenas repetidas, preto-e-branco e mudas o escorrer dos canais vagos de minhas fantasias. Tédio profundo, canso, fujo. Tão longe, passei a última madrugada observando, hipnotizada, ruínas incógnitas que se escondem logo após as montanhas geométricas. Sentada à beira do fogo, junto aos fantasmas, dialogando nostalgias. E a cada encontro violento e letal do movimento das ondas com as rochas, me sentia mais distante nas espumas, perdendo aos poucos aquilo que nem mesmo conhecia de mim mesma. A melancolia surgiu como fumaça cinzenta rindo em minha direção. Eu a vi no topo dos fragmentos de contos enterrados vivos e tão infinitos. Desprovidos de qualquer razão, mas sem ninguém parar um instante pra ouvir as cinzas. Apenas o ruído estridente das pedras e os gritos aflitos do vento ecoando alto em meus ouvidos e logo fugindo num deslizar entre as árvores em chamas. Em mesma melodia da chuva fina de acordes lúdicos em uma noite púrpura de primavera. Mas as estrelas estão mortas e não podem mais sentir nada. Eu sabia e gemi num sussurro quase inefável por elas e pelas marcas em meus punhos latejando os atropelamentos de fúria súbita provocados por velhas alucinações e sonhos destruídos. Continuo, seguindo ainda mais distante. Atirei o copo vazio contra os restos de parede em pé, para permitir a fusão das cores penetrando nos cacos de milhões de tons distintos espalhados pelo chão, moldando faróis no mar de cosmos. Em meio a este manto psicodélico, agarrei firme a única certeza sobrevivente em mim: - Há dias difíceis até de respirar, mas eles nascem, ferem e morrem. Fim. Então, nas curvas simétricas do horizonte, tão de repente e sem choro algum, o sol abre devagar os olhos. E a luz vai beijando lentamente as ruínas..

domingo, 7 de novembro de 2010

Patos no lago

Assisto os patos assustados cruzando o lago.
Sentei ali na beira sem rumo, esperando pelos teus passos.
Ela mira o espelho quebrado, buscando em vão encontrar a si mesmo.
Por um segundo, assusta-se, mas logo desvia o olhar daquela dor e sorri de novo.
Encara por horas aquele velho rosto estranho, mas não a vê como eu a vejo.
Nada a perder. Nada a ganhar. Mata e ressuscita seus planos. Delírios em latas.
Assisto os patos reinventados cruzando o lago.
Meu mundo dentro do mundo de todo mundo.
Ela corre para fugir da chuva que não cai.
Fugindo do transito, das gotas frias, da solidão.
Nunca sabe pra onde ir quando sua alma a trai.
Poderia gritar, mas é apenas uma sombra na multidão.
Assisto os patos livres cruzando o lago.
Cada sonho teu queimando e escorrendo em minha calmaria.
Ela oculta segredos em cada uma de suas tantas inventadas vidas.
Dança diante da tristeza profunda, assim como uma bailarina de mentira.
Ela não percebeu a cores infinitas desfilando soltas no jardim lá fora.
Todas as frases banais e discursos formais não importam agora. Ela voa..
Assisto os patos confusos cruzando o lago.
Te senti percorrer lentamente cada frase vazia das velhas histórias da minha vida.
Ela tem pressa. Parece tão viva. Tão cheia de luzes claras e melodias.
A solidão antiga não marca mais, nem apaga suas pegadas.
A cidade é apenas um quadro na parede de sua casa.
Ela caminha pela calçada sem direção. O vento a guia.
Assisto os patos nômades cruzando o lago.
Acordei noite passada com teu gosto no silêncio. Mas você esteve tão longe.
Ela deita e sonha com aves de rapina. Sua mente mergulhada em mistérios.
Seu coração, um labirinto, desafia meus instintos. Difícil dali fugir.
Ela tem graça sem rir e não se encaixa num papel de rosto sério. Ela se reinventa.
Está presa em uma peça de um milhão de atos. Mas não tem medo. Busca a essência.
Assisto os patos hipnotizados cruzando o lago.
Tenho visitado todos os sonhos impossíveis atrás da luz dos teus olhos.
Ela caiu em alguma madrugada. Uma lágrima cortou o céu ao meio. Eu a vi.
Suas palavras desapareceram. Seus pensamentos aflitos se perderam fora do eixo.
Ela cedeu, permitiu nossas almas conversarem como velhas desconhecidas.
- Pra onde iremos quando todos os devaneios forem esquecidos? Saber, ela quis.
Assisto os patos abandonados cruzando o lago.
Contornei em silêncio teus rascunhos nas pedras. Te esperei no escuro.
Ela levanta. Veste-se. Esquece todos os pesadelos na pia do banheiro.
Olha em volta, não vê absolutamente nada. Não há mais horas ou agonias.
Desce as escadas. Desliza os cabelos com as mãos. Não escuta as súplicas alheias.
Ela está em todo lugar. Pertence ao mundo de todos. Ela molda os cenários. Me leva num intervalo qualquer de seu espetáculo. Roubando o meu tempo. Desconstruindo meus versos e arrancando meus pensamentos. Ela voa. Sem frases, me chama. Desafia os esconderijos do meu céu em suas insanas fantasias. Eu desejo alcançar sua voz em alguma curva do horizonte. Minha sina.
Assisto os patos encantados cruzando o lago.
Te espero como uma estátua de gelo paralisada no espaço, pois não tenho mais pra onde fugir..Em meus olhos estão as marcas deixadas pelas tuas palavras em mim...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A última máscara

Enquanto as horas avançavam pela madrugada, respirei fundo na errônea esperança de conter o aperto que tão suave e letal esmagava meu peito em permanente surto. Assisti no silêncio dos mortos, ali diante da tua sombra noturna, sentada sobre o palco da minha vida, a última máscara relevante se despedaçar ao tocar o solo. Arrastada pela água da chuva sempre fria e vazia mergulhada na imensidão de suas gotas cristalinas em profunda solidão. Minha vista havia sido ofuscada pelas demasiadas luzes brilhantes desabando sobre mim, reluzindo velhas verdades nuas que se injetavam uma a uma em minha retina. Afiadas como facas. Duras como rochas. Destruindo o paraíso de papel construído em centenas de mentiras cretinas. Calada, permaneci sem nenhum movimento. Engolindo o tremor que estava moldando rachaduras em meus ossos e dissolvendo meu espírito, perdi o controle num soco sarcástico e honesto no concreto. Desejei desaparecer na fumaça dos falsos mundos. Tão tarde, tão escuro, perdi minhas pegadas no caminho quando desabei nas minhas próprias histórias. Desaprendi a andar e não é possível encontrar o rumo de volta. Labirinto. Tão tarde, o veneno já penetrou permanentemente nas finas veias que desenham minha alma. Tentei gritar teu nome, mas os tons estavam todos deslocados da harmonia, onde as vozes não conseguiam mais se encaixar, onde o silêncio calava a angústia de olhar um rosto estranho no reflexo da poça no chão. Olhos fixos em desespero. Eu poderia esperar com você a pessoa que já não sei mais distinguir entre os vultos? E no instante que o teu desejo percorrer meus devaneios, eu irei deitar na tua cama. E quando teu sangue pulsar, percorrendo teu corpo, transformando um leve sorriso de tédio em teu rosto, eu irei sorrir de volta e desejar desaparecer na fumaça de tuas palavras..

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Teu mais belo pesadelo

O que mais é preciso pra você?
Olhos sem visão. Corpo. Prazer.
O que mais é preciso pra você?
Gritos. Gemidos. Fogo sem crer.
O que mais é preciso pra você?
Enlouquecer. Entorpecer. Atirar-se na escuridão.
O que mais é preciso pra você?
Poucas palavras. Centenas de horas. Solidão.
O que mais é preciso pra você?
Apenas gosto. Apenas ópio. Apenas ilusão.
O que mais é preciso pra você?
Sente o que sente. Mente não sentir. Finge.
O que mais é preciso pra você?
Tempestade no dia. Noites aflitas. Suspiro da dor.
O que mais é preciso pra você?
Um lar. Um par. Um milhão de segredos. Dormir.
O que mais é preciso pra você?
Respirar fundo e sorrir para conter a lágrima que grita em ti.
Acreditar naquilo que é vida, naquilo que é dia dentro dos vestígios do fim.
Incendiando o mundo com tuas fantasias, tuas mentiras e jogos de xadrez.
Com a alma tão bem escondida sob a face de lama dos contos errôneos da tua vida.
Sente-se mais um instante. São apenas horas. São apenas dias. São apenas teus sofrimentos.
E beba mais um gole, sinta o latejar da ardência. O fogo em minha pele de gelo.
Eu serei tua sina, teu temor, tua calmaria, teu mais belo pesadelo. .

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Colisão

Não mais que de repente. Em alguma fração do tempo. Descubro em mim pensamentos indecifráveis, pesadelos inefáveis. Frases inteiras nuas, ocultas, sem palavras. Mudas. Eu. Embriagada na distorção da raiva. Tenho a visão escurecida e engasgada. Destruída por falácias despedaçadas. Engolindo o último grito contido dentro da alma. Em silêncio, suportando a doce tortura fria das memórias empoeiradas. Mergulhei tão fundo na busca desenfreada de respostas. Tantas vezes me perdi. Em vão. Não mais corri. Parei de súbito. Num susto. Num espasmo. No desespero, paralisei meus passos. Contive o fôlego. Desejei fechar os olhos exaustos. Os ponteiros se quebraram aos socos, congelados. As vozes de agonia interna se calaram. Cada ruído que atormentava os tímpanos desaparecia aos poucos, perdido no vazio do espaço. Apenas na pele ardia um leve, real, sincero toque. Eu vi no reflexo dos teus olhos o rumo de volta do inferno. Eu vi você acreditar em mim. E da lágrima aflita que corria em meu peito se fez valer um triste sorriso. Por um instante inconsciente, eu confiei em ti. E da hipocrisia, lenta nascia uma verdade quebrando o asfalto entre o caos dos espíritos. Persigo teus rascunhos insensatos, incorretos, vagos em meus próprios devaneios. Deito e em pensamentos tortos, rabisco versos sobre sentimentos tão incertos ainda não catalogados. Meus sonhos caem assim como aves sangrando, no céu, nuvens ao meio. Gostaria de te sorrir de volta, mas desaprendi como utilizar a alegria. Toda minha vida a nossa frente num rumo sem freios. Tenho me procurado em cidades abandonadas e em alguma dose pura de nostalgia. Mas, ao fim do dia, colocarei uma emoção no rosto e desafiarei tuas inúmeras faces. Sem saber teu nome, tocarei em teu sonho, teu gosto, teu som, tuas formas abstratas. Dúvidas nas perguntas. Rimas entre os dedos. Dança dos silêncios. Partilha de velhos segredos. Ilusões sobre teus pés. Corações atirados em papéis. Insônia nas minha noites longas. Tua luz em minhas manhãs cinzas. E além, iluminando as ruas da madrugada vazia. Na colisão repentina das nossas vidas.Te espero...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sonho vazio

Eu desejaria apenas a chance de conseguir chegar ao teu alcance.
Olhar profundamente dentro dos teus olhos por um breve eterno instante.
Assistir cada segredo teu despencando em verdades a minha frente.
Mergulhar neste silêncio com fôlego para alcançar a essência da tua alma.
Encontrar o que há em mim para acompanhar teus passos até aqui.
Transmitir com o vento meu pensamento para que te absorva na minha calma.
Quebrar em pequenos pedaços o tempo congelado que me arrastou na solidão.
Onde os dias mais pareciam séculos em que sufoquei meus profundos sentimentos.
Simplesmente a te esperar..
Tocar tua pele, permitindo o fogo se alastrar em meus olhos e ao nosso redor.
Queimando nas cinzas de um desejo adormecido.
Aproximar teu corpo do meu com um gesto desesperado e simples como sorrir.
Flutuar alto na paz suave que paira devagar e tão leve como se a rotação do planeta tivesse esperado tranquila pelo nosso compasso.
Ouvir teu coração pulsando e logo minha angústia evaporar acima de nós.
Respirando pela primeira vez a liberdade de te amar sem temer os fantasmas sombrios.
Acordo sem lágrimas para chorar...
O sonho teve apenas o seu começo.
Assisti a chuva de penas negras em meu jardim durante toda a manhã.
Da janela, observei o mundo escurecer, triste.
Permaneci na cama nesse dia morto.
Perdida em meus próprios devaneios.
Com o medo pairando pesado no ar.
De olhos abertos, ouvi a resposta fria, gritada em meus ouvidos.
Estive completamente sozinha.. Em um sonho vazio..

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fuga..

Pra onde fugiu o vento tão doce que tocava minha pele fria e suspirava na minha alma?
Pra onde fugiu a leveza dos segundos que desfilavam sorrindo em harmonia à minha volta?
Pra onde fugiu a essência da solidão tão viva que preenchia o meu peito com palavras?
Pra onde fugiu o céu repleto de sonhos enferrujados, carregados de velhas lágrimas?
Pra onde fugiu a dança das frases profundas que foram soltas em melodias inventadas?
Pra onde fugiu a vela acesa em meus olhos dentro de uma fuga imaginada?
Pra onde fugiu meus caminhos errantes, meus sorrisos de plásticos, minhas profanas lástimas?
Alguém saberia me dizer em qual estradas distante foi que deixei minha máscara?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Citação²

''Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.'' (Clarice Lispector)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Obsessão

E nem tente olhar pra trás nesse momento.

Buscando minhas pegadas, minhas palavras.

Enxerguei de perto a imensidão do meu tormento.

Engoli cada falso sorriso em um manto de raiva.

Eu parti antes de assistir a última noite morrer.

Fugi dos teus gritos mudos antes de por eles enlouquecer.

E nem adianta por um segundo desejar minha presença.

Minha falta não te toca. Não te joga na dor da ausência.

Cansei de tentar encaixar minha vida em teus rascunhos.

Desenhar minha rota em teus perdidos confusos caminhos.

Estive sentada na beira da tua estrada. Esperando só por horas.

Contemplando o silêncio. Sufocando meus sentimentos.

Ouça! Não pronuncie nem sequer uma palavra agora.

Pois sabemos que elas pra você não significam nada.

E logo nada disso a sua volta irá importar.

Tudo tem andado mesmo fora do lugar.

Jogados no ar como pássaros no infinito.

Invisíveis como teus pensamentos esquecidos.

Ninguém irá te ouvir. Ninguém irá te esperar.

Ninguém irá te salvar. Ninguém irá te amar.

A solidão te persegue por todos os cantos do mundo.

Tua vida permanece paralisada em meio ao caos profundo.

Odeio imaginar a dor que te atirou nessa escuridão vazia.

Arrastando teus dias em uma permanente melancolia.

Mas meus passos me afastam de você. Mesmo em desespero, optei por viver.

E quando o sol beijar tua pele e iluminar teu sofrimento.

Minhas lágrimas irão lavar tuas pegadas sem mais medo.

O mar irá levar embora o velho passado.

Minha alma ferida, quase apagada, terá se encontrado..

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cansei, mas..

Cansei de ficar te procurando em palavras.
Em frases dessecadas. Em esperança inventada.
Me tranquei em meu mundo em busca de mim.
Ainda escuto tua voz gritando em meu peito.
Sinto tua dor. Enxergo tuas lágrimas.
Mas irei desviar da tua rota que me jogou aqui.
Me cegou a razão. Me derrubou. Me levou ao chão.
Vou correr pra onde isso tudo começou.
Vou unir o pouco de mim que restou.
Estarei tão longe, no meu lugar.
Onde não pertenço a nada. E nada pode me tocar.
Onde assisto em lentas cenas, tua cidade em caos desabar.
Num espetáculo de tragédias. Num circo sem comédia.
Mil sonhos aos pedaços. Medo em todos os sorrisos.
Sombras nos telhados. Teus olhos vagando perdidos.
Queria chamar teu nome. Te apresentar um novo caminho.
Mas cada vez que te vejo, a dor me corrói.
Minha força evapora. Meu mundo se desconstrói.
Me jogo em falsos belos devaneios. Me perco.
Te chamo sofrendo em silêncio.
E você não pode me ouvir. Não irá me trazer de volta.
Não irá guiar meus passos pra junto da Terra.
Um raio de solidão atravessa meus olhos.
Todas as frases soltas pelo espaço não me consolam.
Não me bastam. Não ouço. Não me importam.
Teu veneno ainda escorre em minhas veias.
Teu beijo ainda congela uma lembrança na minha pele.
Mas cansei do que leva aos poucos minha vida.
Desejo acordar em uma manhã qualquer e respirar.
Mas meu coração ainda chora num canto escuro da minha alma vazia..

sábado, 14 de agosto de 2010

Verdades

Não sei quantos segredos você esconde dentro deste olhar.
Tão próximo de mim a ponto de sentir me sufocar.
Na angústia do incerto e pensamentos vagos. Ilusão.
Você se nega a enxergar os danos feitos com suas próprias mãos.
Quantas vezes já falei e vi minhas frases tão longe de você?
Quanto tempo já gastei naquilo que você nem quer saber?
Fugindo das verdades em mim..Com medo de ser quem eu sou..

Lágrimas não podem te tocar.
Lembranças veem aos poucos me matar.
Insisto em sonhos que já vi morrer.
Vivo na dor de não te pertencer.
E não saber pra onde ir..

Sento na estrada. Conto as horas.
Não há rumo a seguir.
A solidão devora a minha calma.
Onde você está?
Distante do que penso e sinto.
Junto derrotas sem você.
Não me diga que fechou a porta da sua vida para mim.
Fugindo das verdades em ti.. Com medo de ser como eu sou..

Conheço suas falhas. Enxergo tuas escolhas.
Não pertenço ao teu mundo mais e você vive no meu.
Livre para voltar. Livre para seguir.
Enquanto sigo aprisionada em mim..

domingo, 8 de agosto de 2010

Simplesmente o vento..Mas não sabia mais..

A realidade fria e dura guarda em si partes amargas, escondidas em errôneas escolhas.
Ceder na fraqueza ao invés de negar. Negar e partir ao invés de ficar e lutar.
Fechar-se no silêncio em vez de resgatar a si mesmo de sua própria prisão.
Somos tão incertos mergulhados na indecisão.
Agindo em falsa inocência para a isenção da própria culpa.
Perdendo a hora, o agora, o depois, o dia, a noite, o que se foi..
Poderia sermos sempre mais. Ir ainda mais longe quando o medo nos tocasse.
Mas a gente não sabia mais..Buscando fuga na perdição dos caminhos.

E na parede atrás da porta. No canto, no susto, no espanto.
Apago a luz e minha respiração parece aos poucos desaparecer.
Almas conversam no escuro. A incompreensão do mundo.
A falta de vida em mim exposta nos vidros da janela do passado.
Uma névoa recobre os meus sonhos em silêncio.
Ouço algo ao longe que apresenta-se em movimento.
Nas batidas enfraquecidas de meu coração, meu espírito se arrasta devagar.
Através dos corredores do tempo. De encontro a meus temidos pesadelos.
Rosas no telhado. Cinzas em meus olhos. Não há mais passo algum nos degraus.
Simplesmente o vento...Fiquei esquecida num canto escuro do tormento.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Noite de Insônia

Quando tive medo, fechei os olhos e senti o sono me abandonar. Olhei para o teto em busca de respostas, mas meus fantasmas me sorriam e flutuavam soltos de mãos dadas com meus versos perdidos. Assisti a noite se arrastar sem fim e meus pensamentos como ondas se aproximando e se afastando conforme o escorrer dos ponteiros. Absorvida em um silêncio que fere os ouvidos, submetida ao enfrentamento de minha própria face, pela primeira vez, chorei. Não as lágrimas fáceis e dramáticas, e sim, as contidas por tanto tempo que havia esquecido seu gosto. O choro da alma, preenchendo o vazio do peito, mas sem forças para conter a dor que causa..Hoje, esqueci de acordar..

domingo, 25 de julho de 2010

Dança das Cortinas Aflitas

Estou sempre fugindo. Sempre dizendo adeus.
De encontro ao desencontro. De encontro ao desencanto.
Estou longe da partida. Mais ainda da chegada.
Reencontrando minhas vidas. Até sermos deuses.
E a solidão não ser aquela sonbra triste em nossos olhos.
Estive perto demais. Espiando o tormento alheio.
Descubro no canto do olhar, em frente ao espelho,
As marcas pequenas da velha dor.
Paguei minhas dívidas. Desafiei os espíritos antigos.
Não durma apenas esta noite. Assista a dança das cortinas aflitas..

domingo, 18 de julho de 2010

Save me from the dark..

Não esqueça de me acordar durante o sol desta manhã.
Cansei das gotas frias que caíram sobre o meu mundo solitário e vazio.
Quero assistir aos raios em contraste com a tua pele ao te tocar.
Refletindo a luz que brilha em meus olhos ao te olhar. Queimando em mim.
Respiramos a agonia de viver sem ter o amanhã seguro em nossas mãos.
E há vezes em que o hoje não traz nada além da dor que parece sufocar.
Há muito tempo meu sorriso se perdeu em alguma lágrima caída.
Me pergunto se sabemos os motivos que nos trouxeram a este lugar.
Estou aqui, bem diante de você com a incerteza que me resta.
Me agarro neste instante para sobreviver e resgatar o que existe de você.
Te busco pelo espaço em cada ilusão e pesadelo que nos cerca.
Você se esconde em retratos de razão e sonhos abstratos sem promessas.
Se perde tantas vezes. Corre até cair. Cansa de todo recomeço.
Trago de volta os teus passos junto a mim e te apresento meus segredos.
Eu tenho falhas, mas não posso te perder. Quero ficar na tua estrada.
Sei que deseja a fuga dos dias normais e eu te absorvo em palavras.
Seguro tua mão e guardo os teus medos no meu desejo de tentar te decifrar.
Você espanta o tormento do silêncio e as noites de gelos não podem mais assombrar.
Eu sorri para os seus fantasmas e te roubei de um universo decadente.
Te transportei para um sonho absurdo e irreal, onde não se pensa, apenas sente.
Não feche os olhos, logo irá amanhecer então voltaremos para o concreto.
Agora os segundos estão soltos e perdidos. Livres flutuando pelo quarto.
Se permita um só segundo renascer e enxergar o mundo por novos focos.
Irei lutar por muito tempo e conquistar meu lugar permanente ao teu lado.
Mas agora, enquanto o sol vindo estiver, tente apenas esquecer.
Esqueça o medo que te impede de viver.
Deite comigo e finja me pertencer..

sábado, 17 de julho de 2010

Mil estradas..

Noites se perdem no meu céu. Sonhos me trazem de volta.
Te tenho, mas te perco. Sou um fantasma. Sou um erro.
Minha alma presa em algum lugar. Em devaneios tão distantes.
Você não pensa em me encontrar? Versos escorrem das paredes.
Busco em vão, velhas lembranças. Vejo o sol sob a neblina.
Apago a dor na solidão. Por um segundo, sou teu sonho.
Lábios se tocam e se perdem. Te vejo sobre mil estradas.
Saindo, logo de partida. Não! Espero que me ligue.
Desista dos dramas e agonias. Sufoco meu espírito em mentiras.
Desejo tanto que sejas livre. Desejo tanto você..
Sob o céu sublime, noites frias. Fecha seus olhos tão exaustos.
Apaga a luz que me alimenta. Há muito sente que teu erro pesa.
Rostos, passos, devaneios. Perdendo o rumo em mil atalhos.
Sei que nunca quis me ver assim. Mas não sei o que seus olhos vêem em mim..
Em meio aos gritos, o silêncio. Aprisionada a minha imensidão.
Caindo, então percebo. Não fui eu que tive tanto medo.
É você que foge de si mesmo. Deixando um vazio em mim...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tenho uma casa, uma rua, então..

Segure minha mão. Me permita te guiar por este instante.
Te apresentar as cores lúdicas em cantos mudos.
Te fazer enxergar os sons das folhas dançando ao vento.
Eu sou o que os normais chamariam de errante.
Não trilhei nos rumos certos. Tenho a razão como absurdo.
Às vezes, esqueço o que é concreto e me transporto em pensamento.
Esta noite, te carregarei para dentro de meu planeta insano.
Buscaremos linhas abstratas em sentidos contrários.
Enxergando luzes paralelas em estradas tortas.
Você, que não se importa em mergulhar em meu devaneio.
Caminha ao meu lado em um campo imaginário.
Dirige livre pelo meu universo. Derruba as velhas portas.
Não teme o distante e admira o estranho.
Descobri no teu olhar um infinito de sonhos soltos.
Procuro formas de encontrar a tua alma entre as nuvens.
Longe de ti as horas se escondem dentro de meus bolsos.
Chove na rua e em meus olhos tenho a imagem do teu rosto.
Queria desafiar tuas palavras e percorrer a tua história.
Queria o doce gosto do teu beijo gravado na minha memória.
Só não pense em partir, ainda é cedo para ir embora.
Um cedo que desejo que seja paralisado no tempo.
Você disse que estaria onde eu estivesse agora.
Tenho em mim cada segundo deste momento.
Estou deixando em suas mãos o resto do meu mundo.
Aquele que, um dia os pedaços, resgatei da destruição.
Seu olhar despertou a luz esquecida no escuro de meus olhos.
Minha solidão encontrou a tua, então juntas se deram as mãos..

Em um Planeta Distante..

Gostaria de te levar comigo para qualquer lugar.
Percorrer o desconhecido e te trazer para perto de mim.
Desconstruir teus pensamentos ocultos.
Apagando o gosto amargo de velhas memórias esquecidas.
Sinto o sol do teu sorriso iluminar a escuridão da minha alma.
O mistério de minhas palavras desafiar tua consciência.
Assisto teu sono à noite. Invado teus sonhos distantes.
Ouço tua voz em algum suspiro no horizonte.
Minha pele se torna gelo longe das suas mãos.
Meus pensamentos se jogam na busca dos teus.
Te sigo pelas calçadas vazias. Vejo a noite morrendo em dia.
Teus passos em meio à multidão de fantasmas no escuro.
Preciso deitar ao teu lado e esquecer o que é mundo.
Fugir para um universo distante. Onde não há farsas.
Beber suas palavras e o resto é silêncio.
Estaremos onde nada mais nos fará falta.
Tornaremos nosso profundo instante em eterno..

Quem sou?!

Sou errante, sou tropeço, sou abismo, sou eu mesmo.
Tento desafiar segredos sinceros que esperam serem desvendados.
Corro contra tempo, pois os segundos já não me agradam.
Mergulho contra corrente. No que não se sente. No que está esquecido.
Saio de mim, pois não me basto, não me acho. Não aceito meias verdades.
Digo o que deve ser dito, o que não se diz. Tudo o que é estranho, feio, bonito.
Da minha boca saem flores e espinhos que escorrem pelas ruas da cidade.
Beijo palavras. Sinto frases que me corroem esperando tradução.
Teu olhar me acusa em suaves tiros de ser um espírito passional.
Mas caí nesse planeta caos e nem me atiraram pára-quedas.
Te assisti sucumbindo na lama da razão em uma vida real.
Enquanto deito nas nuvens de meu mundo paralelo das idéias..

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fora do Eixo

Minha boca se perde em teus lábios.

Em cores, sons, luzes, idéias.

Minhas mãos procuravam pela tua pele.

Em uma cama vazia, fria, estranha.

Seus passos ecoam e se afastam.

De meu mundo complexo de pensamentos.

Permita o sol tocar seu corpo durante esta manhã.

Permita seus olhos enxergarem os vestígios de tempestade.

E o que restou de teus pesadelos tornou-se ilusão.

E o que era dor, a chuva já arrastou para o horizonte.

Estou de pé diante de um mundo que esteve em minhas mãos.

Recolhendo os pedaços que restaram de mim.

Não me exija frases de compreensão.

Minha razão estava fora do eixo.

Andei em outras estradas. Saí para manutenção...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Segredos em ponteiros..

Os ponteiros ecoam na minha mente.
Não sei o que importa pra você, agora.
Há quanto tempo você esconde o que sente?
Não te disseram que os fantasmas já foram embora.
Estou sonhando por horas sem fechar os olhos.
Tento afastar o vazio da minha escuridão.
Quais são as vozes sussurrando em seus sonhos?
Assisti seus olhos arderem por mim na multidão.
Talvez eu esteja aqui, esperando por você.
No silêncio que assusta as palavras.
Embaixo da chuva fina da madrugada.
Escolhendo frases que possam te prender.
Apenas mais alguns segundos de seu tempo.
Entenda, estive sem rumo, vivendo em pesadelos.
E não havia nada de belo. Larguei essas memórias ao vento.
Te carreguei para dentro de meus pensamentos.
Só não decida partir. Agora ainda é cedo.
Deite comigo e veja o sol nascer, de novo.
Teu sorriso me pareceu tão sincero.
Vamos inventar um mundo de sonhos soltos.
Vamos esquecer as horas em algum beco perdido.
Então, posso olhar seus olhos. Tocar o seu rosto.
Pegar sua mão e te levar pra longe daqui, comigo.
Talvez eu esteja aqui, esperando por você.
Talvez eu não seja o que você quer. Não tenha planos.
Mas acho que posso te fazer sorrir ao amanhecer.
Construir sobre ruínas. Apagar velhos danos...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Citação..

’Amar é como uma droga. No começo vem a sensação de euforia, de total entrega. Depois, no dia seguinte, você quer mais. Ainda não se viciou, mas gostou da sensação, e acha que pode mantê-la sob controle. Pensa na pessoa amada por dois minutos e esquece por três horas.
Mas, aos poucos, você se acostuma com aquela pessoa, e passa a depender completamente dela. Então pensa por três horas e esquece por dois minutos. Se ela não está perto, você experimenta as mesmas sensações que os viciados têm quando não conseguem a droga. Neste momento, assim como os viciados roubam e se humilham para conseguir o que precisam, você está disposto a fazer qualquer coisa pelo amor.’’

(COELHO, Paulo. 1994.p.80)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Desculpas..

Não me diga que pretende fugir na escuridão.
Se as marcas que te ferem seguem sua solidão.
Eu cansei de me iludir e agora vivo apesar,
De enxergar meus sonhos num segundo, desmoronar.
As palavras já não servem para um discurso formal.
Vamos deixar que o silêncio absorva o caos.
Ouço o cansaço em nossos gritos e a agonia pairar.
Há muito tempo sou errante em tentar te desvendar.
Você que nada sabe sobre mim. Te vejo desaparecer no espaço.
Queimando tudo que te faz lembrar. Andando sem pra trás de volta olhar.
Plantando nosso fim. Apagando os nossos passos.
Pois assumimos frases que nos atiraram aqui.
E desculpas não irão mais nos salvar. E desculpas caem sobre as lágrimas..
Não me diga que vivemos tudo isto em vão.
Se o tempo passa e ainda sinto tão de perto sua respiração.
Deito no tempo e viajo no meu mundo sem vida.
Deixei as horas lá fora enquanto durmia.
Palavras já não podem mais me salvar.
Desculpas caem de novo sobre as lágrimas..

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O passado..

Eu não sabia que para mergulhar no passado, um pé teria que permanecer no presente.
E nas profundezas de meu pensamento, não sabeira explicar as incompreensões do mundo.
Consta em minhas mão a chance de determinar meu próprio caminho, mas eu
tenho absoluta certeza de meu auto-conhecimento?
É possível conhecer a si mesmo sem cair em ilusão?
Não se pode destruir o caminho alheio em prol de seu próprio caminho, mas o que seria destruir o caminho de alguém? Pisamos em ovos. Caímos em ideologias. A verdade nos escapa..
Então, percebo que minha visão se amplia sob novas lentes, sob novos moldes e recortes.
Sinto a força de minhas palavras ecoarem o horizonte sem temer o desconhecido.
Não há limites quando se deseja o infinito.
Desfragmentarei o tempo, remontando os vestígios em peças concretas e distintas.
Sem esquecer os sentimentos. Sem esquecer do lado humano de cada espaço.
Fecharei os olhos por um instante, apenas para acordar a imaginação adormecida há tempos.
Para mergulhar no passado em busca de mim mesma..

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Too many dreams have come to life to just to wither and die..

Não restam nem mesmo as cinzas quando acabam.
Não sobram nem mesmo as sombras de final feliz.
Apenas existem sonhos que nascem para morrer.
Se um dia descobrir que não liguei de volta, vai enxergar
as palavras escorrendo pela pia e seu rosto se desfazendo ao vento.
Se perguntar por mim, estarei distante onde não se ouve mais os gritos
e as lágrimas já evaporaram.
No fundo você saberá que nunca fomos iguais
e agora não existe mais os sonhos que nunca foram reais.
Não quero mais viver para desperdiçar nossos dias.
Desapareço no medo e me deito nas chamas
onde você não poderá mais me enxergar,
onde não poderá mais me sufocar na sua angústia.
Nessa manhã, abri os olhos e não havia mais nenhum sonho em pé.
Descobri que nossos caminhos seguiram rumos distintos.
Não sei para onde ir sem sua mão na minha e seus passos a me guiar,
mas tenho de levantar e seguir adiante...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Desconstrução do tempo

Desafiei teu olhar por um instante. A cada lágrima derramada sua voz parece desaparecer.
Toda nossa culpa jogada no chão aos pedaços. Apenas as sombras dos gritos que não fazem
mais diferença.
Nosso amanhecer não me parece mais igual, num tempo ao qual eu te pertencia.
Nossos sonhos a cada dia que passa mais distante, já não sei mais o que há para ser dito.
Aos poucos nosso castelo vai sendo desconstruido, apenas assisto minha vida a passar.
Deito na grama sob nuvens de tempestade, algumas gotas tocam meu rosto.
Não reconheço a alma estranha na frente do espelho.
O tempo em que estou parece não fazer parte de todos os ponteiros.
Em meio a chuva da madrugada, diante das palavras, percebo que ando perdida no tempo.
Ainda procuro formas de me recostituir Não sinto mais você me olhar.
A cada hora que estamos aqui, meus sentimentos se perdem de mim em busca dos teus...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Céu azul..

Lembrei de estar em um dia qualquer, há muito tempo atrás, sentada no tronco de uma árvore analisando meu futuro, o qual parecia distante demais para ser tocado. Lembro de desejar me aprofundar nas entranhas deste planeta tão grande, sem imaginar a real imensidão do mesmo. Imaginava estar em outro lugar, vários lugares, tantos quantos minha mente fosse capaz de registrar e meus olhos admirar. Olhava em volta e via aquele imenso campo verde em contraste com um céu azul vivo e tantas nuvens em formatos distintos, via que a vida não poderia ser assim tão ruim, bastava um pouco de dinheiro e comida e estava perfeito. Algum tempo pra cá, percebo que o dinheiro nunca é o bastante, a comida sempre acaba, a correria do dia e as responsabilidades que vamos colhendo durante o percurso da vida não me permite desbravar o mundo e vão nos cercando como barras de ferro até o momento em que o céu azul e suas nuvens não façam mais parte de um mundo perfeito que nem mais existe..

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Nada!!

Pensar que acordar será a emoção mais forte que o dia irá proporcionar é totalmente desconsertante. Chegar em um momento da vida em que nada mais é esperado, nem surpreendente. Claro que se quer mudar completamente e viver algo mágico e inovador. Se quer viajar e explorar cada canto do mundo por que a vida é só uma e tem que ser aproveitada ao máximo, mas como se isso fosse realmente acontecer. Como se não fossemos levantar e alimentar a porcaria da rotina do mesmo jeito de sempre e depois de pensar tudo isso, esvaziar a mente em um sono profundo que aguarda o próximo dia com a sensação da grande surpresa que não é mais surpresa: o grande e magnífico nada. Pra que se enganar tanto a ponto de sentar e se comover com a realidade alheia, sendo a nossa própria uma verdadeira tragédia dentro de nosso drama se fim?! O maior desperdício do mundo é justificar a nossa própria felicidade, mesmo tendo a consciência de não saber se ela realmente existe. Mas cada uma sabe do seu mundo e de seu drama. No fim, seremos resumidos a pó e nada mais...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Shadows of my heart

''Maybe you can't remember, something you'd never forget. Something you needed to know, is something i'll always regret. Now i stand here broken, the love i wanted you never held to. No no.. you brought me down to my knees. And i went through hell for you...through hell for you. With these tears i cry. Lord knows i tried. Now how can i let go. When you dwell in the shadows of my heart''
A vida é um suspiro gelado do vento no meio da noite profunda de insônia. A vida passa e nos leva de uma forma que pedaços ficam para trás. Aos segundos passando, nossos sonhos caíndo e nossos planos voando. Ao fim, nada nos será dado, nada nos será oferecido, nada nos será preciso. Não levaremos nada daqui e nada nos fará falta. A dor será carregada por alguém que nos ame e nada mais. Nosso coração se despedaçando em cada perda, penso se no final, restará algo?! Em meio das lágrimas, da dor, da angústia sem fim da perda, assisto o nascimento de um pequeno foco de esperança nas profundezas da alma. Dizendo para levantar e seguir adiante.. Descubro um sorriso em meio a tristeza.
*Dedicado à meu avô Paulo Afonso S. Rodrigues, falecido dia 31/01/2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Together again

''So many fears were swimming around and aroun
All of our dreams, our secrets
I found the one…
Where love and dreams and darkness all collide
Maybe this time we can leave our broken world behind''

São tantos sentimentos pelo caminho que jamais poderíamos imaginar existir dentro de si. Um encontro de desencontros e algo que nem podemos explicar. Mergulhamos em um mundo de escuridão, onde não há nenhuma luz no final. Dias em que a esperança não acorda conosco. Dias em que o espelho não representa a pessoa que nos possui. O medo é uma brisa de vento gelado e triste, tocando nosso rosto com dor. O segredo é deixar o mundo despedaçado para trás e sonhar com a noite que se apagará em pesadelos perdidos...Um dia estaremos juntos novamente, juntos de nós mesmos. Unindo nossa racionalidade ao mar de sentimentos que persistem em colisão dentro da alma.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Passado..

Tudo que nasce, morre. Tudo que começa, acaba. O passado é como uma placa em uma auto-estrada por onde rodamos sem destino. Cada segundo ficando para trás e se perdendo no horizonte. Placas novas irão surgir, mas aquelas que ficam são as que lembramos. O maior erro do ser humano é viver na culpa, mas pior ainda é viver preso ao passado, onde esta culpa está presa e enterrada. Não faremos tudo, mesmo com uma vida totalmente livre para ser e fazer qualquer coisa, não faremos tudo. É no momento em que a sombra da morte nos atormenta que pensamos se valeu realmente a pena o caminho até aqui. Onde os buracos, o vento, os espinhos, cada pôr-do-sol ficou para trás. Quando não nos agarramos a nada, logo nada teremos e tão logo nada é o que nos será dado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Se..

Se eu pudesse dormir para sempre, nunca teria que ouvir as vozes que nada dizem ou os ruídos que nada são. Deitar à noite é simples, o difícil é levantar. Alguém disse que não enxergamos o milagre da vida ao acordar. Deus nos dá a chance de mudar nossas vidas todos os dias, demonstrando sua esperança em um astro chamado sol..Mas será que nunca poderemos ver?!
Será que estamos cegos?!