segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Das chamas às cinzas

Penso nos detalhes infinitos do teu corpo percorrendo leves em dança fúnebre meus segredos e pensamentos abafados. Uma madrugada úmida, onde o ar sufoca todos os versos dentro de meu silêncio e a leveza se torna o caos dentro do escuro desse quarto vazio. Tire minhas sombras de perto de mim. Levante minha essência até o alto dessas fantasias abstratas. Preciso de luz. Eu quero o calor do fogo dos teus olhos deslizando pela minha pele. Procurando algum intervalo solto do meu tempo para nele se atirar livre, mergulhando profundo em meus tormentos noturnos, gelados. Grite meu nome, pois as palavras estão todas quebradas em letras caindo como gotas de lágrimas doloridas no telhado. Ao teu ouvido, em sussurros pausados, irei confessar alguns pesadelos que moram aqui. Sou metade gelo e tão logo estarei a um milhão de quilômetros de todos, perdida na margem dos universos, pois eles estão sentados na sala, esperando me levar pelos braços para o inferno das melodias mortas. A outra metade de mim queima lentamente na tua cama, mas assim como chamas iluminando tua face, tocando teus cabelos com pressa, destruindo tuas roupas, serei apenas cinzas pela manhã. E nada mais importa. Ao abrir suas pálpebras, já não estarei, já não serei, já não haverá mais nada além de um sonho qualquer..