terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cansei, mas..

Cansei de ficar te procurando em palavras.
Em frases dessecadas. Em esperança inventada.
Me tranquei em meu mundo em busca de mim.
Ainda escuto tua voz gritando em meu peito.
Sinto tua dor. Enxergo tuas lágrimas.
Mas irei desviar da tua rota que me jogou aqui.
Me cegou a razão. Me derrubou. Me levou ao chão.
Vou correr pra onde isso tudo começou.
Vou unir o pouco de mim que restou.
Estarei tão longe, no meu lugar.
Onde não pertenço a nada. E nada pode me tocar.
Onde assisto em lentas cenas, tua cidade em caos desabar.
Num espetáculo de tragédias. Num circo sem comédia.
Mil sonhos aos pedaços. Medo em todos os sorrisos.
Sombras nos telhados. Teus olhos vagando perdidos.
Queria chamar teu nome. Te apresentar um novo caminho.
Mas cada vez que te vejo, a dor me corrói.
Minha força evapora. Meu mundo se desconstrói.
Me jogo em falsos belos devaneios. Me perco.
Te chamo sofrendo em silêncio.
E você não pode me ouvir. Não irá me trazer de volta.
Não irá guiar meus passos pra junto da Terra.
Um raio de solidão atravessa meus olhos.
Todas as frases soltas pelo espaço não me consolam.
Não me bastam. Não ouço. Não me importam.
Teu veneno ainda escorre em minhas veias.
Teu beijo ainda congela uma lembrança na minha pele.
Mas cansei do que leva aos poucos minha vida.
Desejo acordar em uma manhã qualquer e respirar.
Mas meu coração ainda chora num canto escuro da minha alma vazia..

sábado, 14 de agosto de 2010

Verdades

Não sei quantos segredos você esconde dentro deste olhar.
Tão próximo de mim a ponto de sentir me sufocar.
Na angústia do incerto e pensamentos vagos. Ilusão.
Você se nega a enxergar os danos feitos com suas próprias mãos.
Quantas vezes já falei e vi minhas frases tão longe de você?
Quanto tempo já gastei naquilo que você nem quer saber?
Fugindo das verdades em mim..Com medo de ser quem eu sou..

Lágrimas não podem te tocar.
Lembranças veem aos poucos me matar.
Insisto em sonhos que já vi morrer.
Vivo na dor de não te pertencer.
E não saber pra onde ir..

Sento na estrada. Conto as horas.
Não há rumo a seguir.
A solidão devora a minha calma.
Onde você está?
Distante do que penso e sinto.
Junto derrotas sem você.
Não me diga que fechou a porta da sua vida para mim.
Fugindo das verdades em ti.. Com medo de ser como eu sou..

Conheço suas falhas. Enxergo tuas escolhas.
Não pertenço ao teu mundo mais e você vive no meu.
Livre para voltar. Livre para seguir.
Enquanto sigo aprisionada em mim..

domingo, 8 de agosto de 2010

Simplesmente o vento..Mas não sabia mais..

A realidade fria e dura guarda em si partes amargas, escondidas em errôneas escolhas.
Ceder na fraqueza ao invés de negar. Negar e partir ao invés de ficar e lutar.
Fechar-se no silêncio em vez de resgatar a si mesmo de sua própria prisão.
Somos tão incertos mergulhados na indecisão.
Agindo em falsa inocência para a isenção da própria culpa.
Perdendo a hora, o agora, o depois, o dia, a noite, o que se foi..
Poderia sermos sempre mais. Ir ainda mais longe quando o medo nos tocasse.
Mas a gente não sabia mais..Buscando fuga na perdição dos caminhos.

E na parede atrás da porta. No canto, no susto, no espanto.
Apago a luz e minha respiração parece aos poucos desaparecer.
Almas conversam no escuro. A incompreensão do mundo.
A falta de vida em mim exposta nos vidros da janela do passado.
Uma névoa recobre os meus sonhos em silêncio.
Ouço algo ao longe que apresenta-se em movimento.
Nas batidas enfraquecidas de meu coração, meu espírito se arrasta devagar.
Através dos corredores do tempo. De encontro a meus temidos pesadelos.
Rosas no telhado. Cinzas em meus olhos. Não há mais passo algum nos degraus.
Simplesmente o vento...Fiquei esquecida num canto escuro do tormento.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Noite de Insônia

Quando tive medo, fechei os olhos e senti o sono me abandonar. Olhei para o teto em busca de respostas, mas meus fantasmas me sorriam e flutuavam soltos de mãos dadas com meus versos perdidos. Assisti a noite se arrastar sem fim e meus pensamentos como ondas se aproximando e se afastando conforme o escorrer dos ponteiros. Absorvida em um silêncio que fere os ouvidos, submetida ao enfrentamento de minha própria face, pela primeira vez, chorei. Não as lágrimas fáceis e dramáticas, e sim, as contidas por tanto tempo que havia esquecido seu gosto. O choro da alma, preenchendo o vazio do peito, mas sem forças para conter a dor que causa..Hoje, esqueci de acordar..