segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O que é o contrário do amor?

Tudo passa. Hoje, estática diante da minha xícara de café, escutando atentamente o arrastar dos ponteiros como se empurrassem o tempo, assim sem vontade, sem pretensões ou planos maquiavélicos. Pensando na vida que há tanto esteve desenfreada como minha bicicleta após o quebrar dos freios e que, de certa forma, lembro de não ter pensando em parar e não parei, não tive medo, não me contive diante o caminho que persistia a minha frente. Quando pensei na forma de parar, nada me veio conscientemente, mas então percebi que, de certa forma, não queria parar. Não importava mais pra onde iria ou quais consequências trágicas isso me traria, óbvio. Mas continuei desenfreada como minha vida, preparada para as quedas, pronta pra continuar. Ali, naquela manhã igual a tantas outras de segunda-feira, sem nada esperar, nada prever, notei os ponteiros empurrando o tempo pelo espaço. Então, notei que o contrário do amor não poderia ser a inércia, estado de completa ausência de sentimentos, pois isso não é um sentimento e não bastaria para preencher o vazio, lugar de uso exclusivo do amor e onde apenas seu oposto poderia correspondê-lo a altura, pois já tentei tantas outras formas e nenhuma se mantem ou chega a permanecer. E mesmo sem amor, o tempo vai nos empurrando vida afora e não temos o controle definitivo da direção por não querer ir, mas sem notar, já estamos indo. Não há respostas pra isso que não leve a outro questionamento. Como se não existisse luz sem escuridão. O que é o contrário do amor? Alguns dizem ser o ódio, mas o ódio por si só não basta para contrapor o amor. E sabemos disso. E lutamos contra isso, mas é inevitável como respirar. Não existe ódio permanente de quem se ama. Então, o que existe?! Retorno a minha xícara de café já fria, procuro o casaco e saio em busca de algo que nem mesmo conheço ou espero encontrar.