domingo, 11 de março de 2012

Quem te ensinou a fechar os olhos?


               Preciso de uma palavra que me escapa como borboletas soltas no ar. Está em todo lugar e em lugar algum e tudo que sinto é que preciso saber que ela realmente existe e estará lá me esperando. Aqui é distante demais e espero o dia em que eu puder vê-la e me atirar em seus braços para nunca mais voltar a este caótico labirinto de concreto. Eu poderei te mostrar todos os mundos perdidos que você atirou no mar do viver em troca desse caminho de asfalto coberto de placas em que estão suas pegadas. Estou cruzando todas as milhas que conheço e cada minuto mais rápido para fugir depois que percebi este mundo escapando entre meus dedos e nada a ser feito, pois o céu já estava em pedaços quando o deixei para trás. Você não viu? Noite passada eu assisti entre gritos e apelos aflitos, a esperança morrendo e esse lugar estranho amanhecendo coberto de fumaça e cinzas. Todo mundo está correndo tanto atrás de um tal objetivo qualquer, não há mais para onde ir. E é devagar que o tempo vai escapando, carregando nossas vidas em desespero, então continuo fugindo daquilo que nos cega e sei que persiste o mesmo vazio na minha alma e na sua. Você quer tanto que te aceitem e luta desse jeito insano todos os dias por dias melhores que jamais chegam. Sabe que não é melhor ficar e ainda assim insiste em satisfazer prazeres que não alcança.   Ninguém faz do sentido questionamento e é assim que as coisas são dentro de palavras que não querem dizer mais nada. O ar desaparece e quando acordo no susto das madrugadas abandonadas é que lembro das ideias que não são minhas e não são suas. Aquelas ideias de raízes profundas e sem origem que nos ensinaram a levar conosco para onde quer que fossemos e assim contagiaram o mundo. Quem te ensinou a fechar os olhos? Quem te ensinou a esquecer de escolher teus próprios  caminhos? Veja, nossos sonhos estão desaparecendo dentro de uma ideia que não sei quem criou ou porque está entre nós. Não posso te revelar quanto ainda irá durar a imaginação que te resta e domina teu coração quando a pele em que habita sufoca e  este lugar não parece mais teu lar. A palavra não tem nome desde o dia em que me ensinaram desconstruir meus pensamentos e esconder meus sentimentos atrás do muro da ignorância. Por favor, não tenha medo quando te oferecer minha mão para te ensinar a abrir os olhos.