Se você estivesse aqui,
diria que estou sentindo tanto medo, tanta falta tua, tanta tristeza contida em
lágrimas que secaram dentro dos olhos antes mesmo de escorrerem pelo rosto.
Diria que sinto muito e sinto tanto e cada vez mais. Onde foi que tudo deu um
nó e onde é que foi parar o que restou do nosso amor? Pois ainda sinto tanto
medo. Vou te dizer. Meus pés vieram na direção das ruas em que você andou,
pelas esquinas que passou, pelos buracos que evitou da calçada, pelos lugares que
freqüentávamos e que agora você evita estar. Na soleira da tua porta, sobre o
tapete de boas vindas, peço que deixe as desculpas só para amanhã, porque hoje
eu irei pedir para que me deixes ficar aqui contigo. Deitar na tua cama e
esperar, encolhida entre as cobertas pesadas de inverno, pelo aconchego dos
teus braços e pelas mãos quentes envolta do meu corpo gelado e vazio. Irei fechar
as pupilas devagar e sentir de leve um beijo doce. Esperar sem pressa pela chegada
preguiçosa do sono profundo. Não te contei que as noites estão ficando mais
longas e os dias gastos e apagados. Não te contei que tudo o que desejei por
esses tempos, foi escutar o som da tua voz perto do meu ouvido enquanto segura
meu coração. Perdoa pela manhã tudo que fiz e me leva um café quente na cama,
pois não tenho tido vontade nenhuma de mover os músculos e viver. Me abraça bem
de leve e abre as janelas, pois quero enxergar os primeiros raios de sol e
apenas sentir o (re) nascer do nosso amor. Só amanhã deixa o corpo sentir o que
a razão teima em afastar e depois deixaremos o tempo passar e tomar o resto de
todas as decisões.