segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Por favor, alguém me traga um pouco de silêncio sem gelo

Por favor, alguém me traga um pouco de silêncio em comprimidos e sem gelo, pois  realmente estou dispensando as palavras. Meios gritos. Meios sussurros. Meios versos, todos tortos, quase calados e famintos. Não toque em nada, deixa tudo assim no lugar até alguém aparecer, testemunhar e desconstruir enquanto não estiver vendo. De mim, pode levar tudo que quiser, eu não preciso de todo esse ar sufocado de tanto sentir. Lembranças exaustas e gastas que escondi até mesmo de mim. Sendo assim, não há muito mais que possa ser feito. Deixa que chova todas as nuvens negras que andaram pesando sobre nossos ombros até agora. Deixa que caiam e te invadam até a hora de desaparecerem e o calmar de inundar de paz. As gotas estão escorrendo doces pela minha pele enquanto permaneço estática no mesmo lugar onde você me jogou. Não somos mais iguais. O tempo nos venceu. E as palavras estão todas caindo lá fora pelo telhado e eu sei bem que não precisa mais de nada além daquelas velhas farsas que contornam teu mundo distante daqui. Segue o rumo que te conforta e alivia esse teu pesado   sofrer. Pois quando me calo dentro de mim, enxergo tudo de outra órbita que não gira sem sair do lugar e assim vive a girar. Não irei explicar. Não irás entender. Deixa assim como está, pois as pausas agora nos parecem tão desconfortáveis e dolorosas como sapatos apertados. É hora de dar uma folga para os pés descalços e andar pisando sombras em grama molhada. Procurando cogumelos que acabaram de nascer. Reconstruindo essência na harmonia do viver apenas por viver. Demorei para compreender a tua agonia de desejos imediatos e voláteis que não consigo tocar e das minhas insanas e irônicas fantasias que você não consegue distinguir. Não é assim, eu sei. Fácil é olhar no olho de alguém, difícil é desvendar um coração em mosaico. 

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