quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pensamentos submarinos


Esperando durante tantas horas, olhos fixos em frente à folha de papel em branco. Pois existem frases que precisam desesperadamente nascer antes de morrerem no parto, antes de sufocarem na amargura do esquecimento. Pensamentos submarinos agonizando no fundo do peito...

     Eu não quis ficar no mesmo lugar que você. Eu não vi o mundo parar pra eu descer. Cansei de ser o segundo que não te toca. Ser o verso solto de qualquer nota. Ser o silêncio entre as palavras tortas. Ser toda sombra que já nem te importa. Ser lua nova que nada irradia a sua volta. Ser submarino afundando no mar das lembranças. Nem tente lembrar-se de tudo que um dia passou. Entrei na tua casa de madrugada. Sentei na tua cama embriagada de angústias. Te ouvi dizer era tarde demais  e só  me restava partir. Andei em desequilíbrio pelos telhados e em cima da tua mesa. Eu não tinha mais pra onde ir. Risquei nas paredes pelos corredores do teu rumo pra ninguém mais te ter. Chorando lua nova sobre tuas velhas cartas. Fui submarino mergulhado no fundo pra ninguém mais me ver. Afundando devagar no mar das lembranças. Nem tente lembrar. Não ouse parar de andar agora naquilo que já passou. Eu não quis ficar no mesmo lugar de você. Me cortei com a tua fala. Naufraguei por tua causa. Deslizando sobre as algas. Sou submarino a descer entre o limite da sanidade e da paz perdida entre as pedras do pesar. Cada vez mais distante da superfície, vou ficando assim sem ar. No fundo, vejo refletindo nos pedaços de vidro de nossa janela, pequenos fragmentos de raios brilhantes de vida resistindo em passar. As mudanças que apenas trocam as coisas de lugar.

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