quarta-feira, 13 de julho de 2011

Seja um passaro

Tem dias que minha paciência não tem tempo pra mim. Espalha com raiva as peças corroídas e desgovernadas de cada pensamento em torno do jardim. Perdi o rumo das coisas que pensei que possuía. Acordei de um sonho dentro de outro sonho e percebi que nada mais eu tinha. Levantei e tudo parecia longe demais. O que via não existia, apenas coexistia ao reflexo da ilusão que criei de minha própria paz. Devo contar que ontem à noite eu deitei sobre meus versos apáticos de silêncio. Sufocando pela última vez aquele vazio que persiste em meu peito. Aflita, decidi que não queria mais ser o sem rumo de mim. Abri as janelas de meus olhos e deixei toda imensidão de sombras dali fugir. Apaguei os gritos de agonia atirados nas cortinas, abraçando com calma meus vestígios de sorriso oculto no fundo da retina. E, de repente, delírios contidos começaram a entrar por debaixo da porta. Eu sabia que por mais que não enxergasse, ainda não era a hora. Eu tinha que respirar por mais que minhas forças não aceitassem o ar. Eu tinha que voar mesmo que minhas asas não saíssem do lugar. Era o medo, eu sentia. O medo que havia escurecido meus devaneios em tanto tempo tentando lutar contra o aquilo que eu já sabia. Fingia desconhecer e não reconhecer o óbvio que suplicando, me seguia. De manhã, pequenos raios de sol penetraram pelas falhas das paredes da minha alma e o vento soprou sem direção, dançando no meio das nuvens. Eu estava livre. Abri os braços me sentindo como nunca estive. Eu não era apenas a prisioneira de mim. Eu era livre..

Um comentário:

  1. "O que via não existia, apenas coexistia ao reflexo da ilusão que criei de minha própria paz."

    É.. pior q é sempre assim.

    Adoro o modo com que tu escreve.. ^^
    bjos

    ResponderExcluir