Eu lembro do meu rosto, da
minha pele, dos meus ossos e dos meus sonhos. Nos dias mais difíceis de sair da
cama, eu lembro que existo. Eu não gosto daqui e penso em te pedir pra ir
embora comigo, mas não sei pra onde ir e nenhum motivo que te fizesse fugir. Eu
lembro da minha infância solitária no meio do campo de flores amarelas. O mundo
não poderia ser melhor do que aquilo. O mundo não precisava ser. Eu me sentia
livre. Eu podia ser tudo o que eu desejasse. Não precisava de nada e de
ninguém. O céu colorido e as flores amarelas me bastavam. Eu sabia. A gente
cresce. É triste ser adulto. É triste crescer e ignorar as flores e o céu que
se torna cinza. Eu acreditava que a infância era cheia de medos e, veja bem, os
maiores monstros que vivem embaixo da minha cama são os de hoje em dia. A gente
finge demais e se importa com o que falam demais. Sem perceber que as pessoas
não cansam de falar e, muitas vezes, nem ao menos sabem o que estão dizendo. A
gente é chato e pensa no que é certo e o que é errado o tempo todo. Eu nem sei
quem inventou o certo e o errado. Nem sei por que tenho que acreditar em tudo
que me dizem. Teria te levado comigo pra deitar embaixo das nuvens no campo de
flores amarelas enquanto te contaria todos os meus sonhos esquecidos. Te levaria
comigo pra qualquer lugar. Se você estivesse na minha infância, eu não teria medo de pensar se você viria. Se gosta de mim. Se aceitaria. Se. Te pegaria pela mão e desafiaria todos os nossos medos. Te pegaria pela mão e te levaria comigo pra dentro do teu abraço. Mas a gente cresce. É triste ser adulto.
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