terça-feira, 28 de maio de 2013

A gente cresce. É triste ser adulto

     

    Eu lembro do meu rosto, da minha pele, dos meus ossos e dos meus sonhos. Nos dias mais difíceis de sair da cama, eu lembro que existo. Eu não gosto daqui e penso em te pedir pra ir embora comigo, mas não sei pra onde ir e nenhum motivo que te fizesse fugir. Eu lembro da minha infância solitária no meio do campo de flores amarelas. O mundo não poderia ser melhor do que aquilo. O mundo não precisava ser. Eu me sentia livre. Eu podia ser tudo o que eu desejasse. Não precisava de nada e de ninguém. O céu colorido e as flores amarelas me bastavam. Eu sabia. A gente cresce. É triste ser adulto. É triste crescer e ignorar as flores e o céu que se torna cinza. Eu acreditava que a infância era cheia de medos e, veja bem, os maiores monstros que vivem embaixo da minha cama são os de hoje em dia. A gente finge demais e se importa com o que falam demais. Sem perceber que as pessoas não cansam de falar e, muitas vezes, nem ao menos sabem o que estão dizendo. A gente é chato e pensa no que é certo e o que é errado o tempo todo. Eu nem sei quem inventou o certo e o errado. Nem sei por que tenho que acreditar em tudo que me dizem. Teria te levado comigo pra deitar embaixo das nuvens no campo de flores amarelas enquanto te contaria todos os meus sonhos esquecidos. Te levaria comigo pra qualquer lugar. Se você estivesse na minha infância, eu não teria medo de pensar se você viria. Se gosta de mim. Se aceitaria. Se. Te pegaria pela mão e desafiaria todos os nossos medos. Te pegaria pela mão e te levaria comigo pra dentro do teu abraço. Mas a gente cresce. É triste ser adulto.

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