quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Abstinência - Parte 2


     Foi quando meu coração começou a afundar, minha respiração ficou cada vez mais lenta e as palavras distantes que tudo começou a fazer sentido. Um estranho sentido, mas verdadeiro. A verdade mais pura e simples, nunca é simples e nem pura. Pensamentos que eu havia escondido de mim surgiram na fumaça e meu corpo começou a reagir diante dos dias incessantes, onde acordar já era um puro tormento. Eu te desejo o melhor e um caminho em que se sinta bem. Eu te desejo o mesmo que espero pra mim e nada além. Quero que entenda que rancor e toda mágoa, o tempo leva embora, deixando apenas cicatrizes. Não importa a dor que cause, no final será apenas uma marca profunda na pele que lateja em dias úmidos. É difícil porque não se trata das pessoas do resto do mundo, mas de você. Quando lembro que existe um muro de Berlim a nos separar, dói. Não consegui te ver em todas as perspectivas e você não me enxergou em todos os reflexos. Às vezes, penso que fomos íntimos estranhos e, ainda sim, conseguimos ir tão longe em nós, onde ninguém havia chegado antes. Quando tenho que lutar, eu sei bem de todos os pesos que carrego e que ainda irei suportar, mas ter que assistir você vestindo essa armadura feita contra mim, às vezes, é demais. Só isso. Esqueceu de tudo? Penso em tantas coisas mais que ainda quero encontrar. Tantas estradas que ainda desejo percorrer além do horizonte. Pois há essa imensidão diante os nossos olhos e é tudo o que nos resta. Alguma hora o tempo trata de curar essas dores que os copos cheios não resolvem. A cada dia as palavras estão mais distante de mim e próximas de uma parte que não enxergo desse oceano de esquecimento. Não consigo definir se ainda sigo afundando ou se estou parada no meio do caminho entre o fundo e a margem dessas águas profundas e transparentes demais. Permaneço exatamente como não queria estar, sozinha. Mas, bem no fundo, estamos todos tão sozinhos. Todo mundo reclamando e gritando por dentro enquanto desmanchamos o mundo com um monte de sorrisos embriagados. É o jeito. Alguém se defende. Será? Segue os dias fora de qualquer tipo de controle. Algum deles vai servir pra alguma coisa. Afinal de contas, durante uma vida inteira o que vale mesmo são aqueles pequenos momentos que se pode chamar de felicidade. A gente só descobre isso depois que eles se vão. Tudo bem, eles aparecem de novo uma hora ou outra.  No fundo, ninguém quer ser pedra. Acabar se apegando aos lugares mais duros que encontra dentro do coração só porque sabe que um dia ele já foi partido por ser tão frágil quanto vidro. Sabe que todo o vidro quebra e os cacos que permanecem podem ferir qualquer um que se aproxime demais. Toma cuidado pra que isso não aconteça. Cuida pra que ninguém te torne pedra, nem vidro despedaçado. 

2 comentários:

  1. Oi Débora!
    É dar um abraço na pessoa mais importante na vida, a si próprio. [sorrio]
    Parabéns pelo blog e pela postagem! Prazer estar aqui! Com tempo, venha ler e comentar O TREINAMENTO no http://jefhcardoso.blogspot.com
    Abraço!

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