Há dias que simplesmente passam. Sem mais horários. Sem mais trânsito. Sem mais vozes. Sem mais caos. Há dias que simplesmente acabam. Abri os olhos em busca de algum raio de sol. Não havia nada. Sem som, sem ar, sem cores, apenas o claridade do branco. Esfreguei os olhos, nada. Logo pensei: - Meu Deus, estou cega! Mas meu pensamento se esvaiu no momento em que nasceu. Permaneci na cama naquele dia, tentando não me mover deste pesadelo e esperando acordar. Horas e nada. Quase convencida da cegueira, comecei a recordar das últimas cenas em que pude observar as cores tão claramente, mas não pude notar que estive tão distraída no meu mundo tão pequeno que minhas lembranças se somavam a borrões e cenas abstratas. Pensei ter guardado todas as lembranças seguras e coloridas dentro de mim, mas agora percebendo a obscuridade de meus pensamentos, posso ver que nada havia restado. Havia tanto tempo em que não vivia intensamente algum momento, muito mais tempo do que minha memória podia recordar. Logo pensei: Esqueci as cores? Ou elas haviam me esquecido por não mais valorizar o bem mais precioso que existe, a vida.
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